Reunidos eles riam e conversavam sobre política e futebol. Pareciam todos bem sucedidos na vida amorosa e nos negócios. Nos cabelos os sinais do tempo estavam evidenciados. O que parecia em nada preocupá-los! Cada um daqueles homens poderia ter escrito um livro, onde boas histórias certamente não faltariam. Quem sabe falariam das suas esposas, das amantes ou dos amores que ficaram perdidos no tempo. Talvez falassem de suas viagens ao Alaska ou dos mistérios de Machu Picchu. É bom vê-los reunidos! Entre um bolinar nas pedras de gelo e um gole whisky, um olhar discreto no ambiente. Na direção de seus olhares belas mulheres e, num mero e despretensioso sorriso seus corpos estavam despidos, sabiam, porém, quanto lhes custaria tê-los. Tudo já estava processado em suas mentes: jantares, presentes, problemas, calculados em frações de segundos, com uma probabilidade mínima de erros. Era bom exercer o conhecimento adquirido ao longo dos anos. Custara-lhes caro conquistá-lo! Uma nova paixão? Não, nem pensar! O amor aos filhos, o respeito à mulher, o sorriso da neta, nada poderia ser colocado em risco, mas elas insistiam em passarem nuas em suas frentes. E vieram Tereza, Carmem, Gracinha e Solange, todas carinhosas e carregando belos sorrisos. Ah! saudade dos tempos das tardes fugidias, dos corpos viris e das mentiras deslavadas. Que passem longe essas lembranças e os olhares turbulentos e retornem ao foco a política e o futebol, com o requinte de quem sabe o que fala. É bom vê-los reunidos!
Suely Sousa
Recife/PE
