E aí Véio? Vai ou não vai rolar?
O homem olhou para o menino
ficou com os dentes tinindo
e uma pedra pegou a gritar.
Xingou-o de todos os nomes
de Filho da Mãe a Lobisomem
com a pedra a ameaçar.
Eu, que a tudo olhava,
dentro do ônibus pensava:
Aonde isso vai parar?
Mal esse pensamento eu tinha
senti a pedra que vinha
e me abaixei a gritar.
Eu, que sempre fui calma,
xingava-o com toda raiva
de Velho Safado a Gagá.
O homem que estava ao meu lado
se doeu pelo "Safado"
e começou a me xingar.
Arretada com tudo aquilo
que até parecia castigo
desci do ônibus a chorar.
Foi quando do homem lembrei
atrás de uma árvores olhei
o que acontecia por lá.
E a surpresa que tive
foi quando, de novo, o menino disse:
E aí Véio? Vai ou não vai rolar?
O homem pegou um pão
com raiva jogou no chão
e disse: Se quiser vá lá pegar!
O menino olhou para o homem
disse que só estava com fome
e, com raiva, se foi a chorar.
Olhei as pessoas que passavam
sem querer o pão chutavam
e as lágrimas tentei segurar.
Hoje pensando naquelas vidas,
miseráveis e sofridas,
procuro levar a minha vida
sem mais tanto a reclamar.
Suely Sousa